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Quando eu era adolescente, eu assisti a esse filme e fiquei fascinado pela história e principalmente pela a desesperada música, que leva o titulo do filme, cantada por Sybil & Guy e escrita pela dupla Guido e Maurizio DeAngelis. A minha procura finalmente acabou, depois que recebi do Herax, ou seja, o Heráclito Maia, do Blog da Desforra um cd com vários temas, inclusive a trilha do Filme.
Mas vamos logo ao que interessa, vemos no começo, um cavaleiro, sendo acompanhado pela câmera magistral de Enzo G. Castelari, um mestre do cinema, na minha opinião, onde o acompanha, até uma cidade fantasma com o vento forte escurecendo as imagens, até ser abordado por uma velha mulher, aparentemente uma bruxa, que o avisa a não voltar à cidade onde nasceu, Keoma lembra do começo de sua vida, onde foi sobrevivente de um massacre quando era criança e que foi criado por Shannon, um velho pistoleiro, detalhe Keoma é um índio mestiço. E quando o velho pistoleiro levou-o para casa causa a revolta e o desprezo dos filhos legítimos do velho pistoleiro.
A bruxa grita mais uma vez que ele não vá para a cidade e aí começa, uma das mais triste canções que eu ouvi em toda a minha vida, e que eu estou escutando agora.E a câmera continua acompanhando Keoma até a chegar em um punhado de homens todos armados e carregando uma carroça-prisão, com várias pessoas, inclusive uma mulher grávida, que tenta escapar, para no fim sobrar apenas a ela, e aí Keoma aparece e mata alguns mal-feitores para ajudar uma mulher que nunca tinha vista na vida. Poema puro.
Ele segue para a sua cidade natal após a guerra apenas para descobrir que ela foi tomada por uma praga, e que um homem de nome Caldwell passou a controlá-la como bem entende, usando de violência, para dominar todos na cidade.Lá encontra um velho amigo, George( Woody Strode)que antes era o braço esquerdo de seu pai, hoje um velho bêbado e que sofre preconceitos por parte da população da cidade.
Seus meios-irmãos Butch, Sam e Linny trabalham para o Capitão e Keoma se vê sozinho contra todos eles. Keoma tenta, amenizar tudo para encontrar o seu pai adotivo e saber o que é que ele tem a fazer nesse mundo.
Mas, como sempre, as magoas do passado, voltam a conduzir a vida de Keoma, e para defender a mulher que trouxe de volta, ele tem que lutar contra os seus irmãos.
Agora ele está preso no meio de uma batalha selvagem entre inocentes colonos, bandidos sádicos e seus meio-irmãos. Tentando sobreviver até que finalmente saiba o porque de tudo isso.O por que de sua vida ser tão violenta.
Enzo Castellari é um gênio, ele usa toneladas de câmera lenta, mostrando assim uma grande homenagem a Sam Peckinpah, diretor americano, considerado o poeta da “violência”. Além de escrever o roteiro com a parceria de Nico Ducci, Luigi Montefiori, Mino Roli e diálogos não creditado de Joshua Sinclair.
Muitos temas se apresentam no filme:
# A briga entre os irmãos, o racismo, intolerância; Ódio;
# O nascimento da criança num estábulo, CRISTO???, , assim como a crucificação do herói;
# A presença da velha índia nos momentos culminantes do filme. Pura mitologia grega;
# O herói errante em busca de um desígnio que justifique sua vida também tem inspiração mitológica.
# A peste se constituiu num elemento bíblico e mitológico no filme, e a cidade parece até a mítica Sodoma e Gamorra.
E não é só Castellari quem se supera, atingindo uma qualidade incrível; a dupla de compositores Guido e Maurizio de Angelis fez uma trilha musical extraordinária, capaz de rivalizar com as melhores de Ennio Morricone. Presente no filme todo, as letras se "casam" maravilhosamente com a historia.Keoma realmente é um clássico, extraordinário.E a busca pela sua PAZ interior é a mola mestra desse filme, é exatamente o que quero nesse momento em que estou passando, na música, segundo cantor , Keoma quer encontrar a PAZ a todo custo, para ver se impede a sua violência. Ele nunca a teve e nunca vai ter, ele nunca conheceu a PAZ, devido ao ódio de seus meios-irmãos e de todos que passaram em seu caminho. Como Nero diz na cena final, "O homem que é livre nunca morre". Ele nunca encontrou a sua PAZ.