O cineasta brasileiro Carlos Reichenbach morreu na tarde desta
quinta-feira (14) em São Paulo, aos 67 anos. A informação foi divulgada
em nota pela assessoria de imprensa do diretor, que não cita a causa do
óbito. Segundo a assessoria, ele se sentiu mal e morreu a caminho do
hospital.
Reichenbach fez filmes como “Liliam M – Relatório confidencial” (1975),
“A ilha dos prazeres proibidos” (1979), “Império do desejo” (1981),
“Filme demência” (1985), “Anjos do arrabalde” (1987), “Alma corsária”
(1993) e “Garotas do ABC” (2003) e "Falsa loura" (2007).
Carlão, como também era conhecido, morreu exatamente no dia de seu
aniversário. Seu corpo vai ser velado no Museu da Imagem e do Som (MIS)
de São Paulo, a partir das 23h desta quinta.
Nascido em Porto Alegre, em 1945, ele logo se mudou para São Paulo,
cidade presente em boa parte de sua filmografia. Seu primeiro trabalho
como diretor, um curta-metragem, chama-se "Esta rua tão Augusta" (1969).
O nome de Reichenbach, que também foi professor do curso de cinema da
Universidade de São Paulo (USP), é também associado a produções do
cinema marginal e da Boca do Lixo, região central da cidade de São
Paulo. Ali, faziam-se filmes de baixo orçamento e de temática ousada e
autoral, tendo Reichenbach sido um dos seus principais expoentes.
Rogério Sganzerla ("O Bandido da Luz Vermelha"), Ozualdo Candeias ("A
margem") e José Mojica Maris, o Zé do Caixão, são outros representantes
daquele movimento cinematográfico que ganhou corpo a partir da década de
1960.
Cinéfilo declarado, Reichenbach apresentava, desde 2004, a Sessão do
Comodoro, no CineSesc, em São Paulo, dedicada a raridades do cinema. O
cineasta utilizava o seu
blog
para divulgar a programação: a postagem mais recente data de 29 de maio
e trata do filme "Banho de sangue" (1971), de Mario Bava.
No dia 18 de setembro do ano passado, ele escreveu sobre seus problemas cardíacos.
No texto, Reichenbach antecipava planos de um futuro trabalho: "um novo
projeto de filme - a ser realizado após UM ANJO DESARTICULADO - que não
me deixa mais dormir direito ou morrer, e que vai contar um pouco a
história da vinda da minha mãe, da Estônia ao Brasil, na década de 20, e
ilustrar uma fantasia pessoal, emocional e afetiva a respeito de
Lenin". "Um anjo desarticulado" não chegou a estrear.
Homenagem e prêmios
Há dois anos, o cineasta foi o grande homenageado do 43º Festival de Brasília. Na ocasião ele afirmou ao
G1 que não tinha planos de aposentadoria,
a despeito dos prejuízos causados por uma doença na visão: "Vou até
morrer filmando! Seria a morte ideal, né. Morrer trabalhando".
Em 2003, Reichenbach ganhou prêmio especial do júri no mesmo festival,
pelo filme "Garotas do ABC". Dez anos antes, "Alma corsária" já havia
lhe rendido o Candango - premiação principal de Brasília - nas
categorias melhor diretor, melhor filme e melhor roteiro.
Sua obra também conseguiu alcançou reconhecimento internacional: na
década de 1980, ele foi tema de uma mostra no Festival de Roterdã, na
Holanda, evento que, em sua edição de 2011exibiu uma cópia restaurada de
“Liliam M” (1975).
Carlos Reichenbach era casado com Lygia Reichenbach e deixa três filhos e uma neta.
Fonte: G1